domingo, 5 de julho de 2015

JAMAIS O VI




 Jamais o vi, entretanto caminhávamos
Passo a passo.

Jamais ouvi sua voz e minha voz o seguia
Enchendo o mundo.
E houve um ensolarado dia quando a alegria
Extravasou meu peito.

Senti a angústia de carregar n’alma
O abandono do crepúsculo.

Eu o senti ao meu lado, os braços ardentes,
Limpos, sangrantes, cândidos.

E minha dor sob o negrume da noite
Adentrou seu coração.

Assim seguimos juntos.


(Pablo Neruda - Livro Crepusculário. Santiago, 1923)

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