terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ludwig Minkus: La Bayadère: Andantino


"La música debe elevar el alma por encima de sí misma, crear una región donde, libre de toda ansiedad, pueda refugiarse sin obstáculos en el puro sentimiento de sí misma. " - (Hegel)

http://youtu.be/1wrgn-iROPA

Long Days Journey Into Night - 1987


LONGA JORNADA NOITE ADENTRO
do dramaturgo Eugene O’Neill.

Jack Lemmon, Bethel Leslie, Peter Gallagher and Kevin Spacey star in the Eugene O'Neill's epic autobiographical tragicomedy directed by Jonathan Miller.

http://youtu.be/-uVwAPVfDnI

Poema de Sete Faces


Poema de Sete Faces
Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

MONO - For My Parents


For My Parents (2012)
1. Legend: 00:00
2. Nostalgia: 11:56
3. Dream Odyssey: 23:50
4. Unseen Harbor: 31:51
5. A Quiet Place (Together We Go): 45:58
http://youtu.be/rYxzq5Gyw6o

Altus - The Elements: Water


Altus - The Elements: Water
http://youtu.be/FyB2yrLFdh8

CAMINHO

Caminho

 I

Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!
Porque a dor, esta falta d_harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.


II

Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu o sei.
d Bom dia, companheiro, te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho
É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto
Que choramos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto.


III

Fez-nos bem, muito bem, esta demora:
Enrijou a coragem fatigada...
Eis os nossos bordões da caminhada,
Vai já rompendo o sol: vamos embora.
Este vinho, mais virgem do que a aurora,
Tão virgem não o temos na jornada...
Enchamos as cabaças: pela estrada,
Daqui inda este néctar avigora!
Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho,
Eu quero arrostar só todo o caminho,
Eu posso resistir à grande calma!
Deixai-me chorar mais e beber mais,
Perseguir doidamente os meus ideais,
E ter fé e sonhar d encher a alma.


Camilo Pessanha, em 'Clepsidra'

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Baroque Christmas Concert (Barbara Bonney, Matthias Goerne, Freiburger Barockorchester)


From the Cathedral in Freiburg
Baroque Christmas Concert

0:11 J.S. Bach: Concerto in D-Major, BWV 972, Allegro
2:20 J.S. Bach: Wachet auf, ihr Adern und ihr Glieder", Cantata "Unser Mund sei voll des Lachens", BWV 110, "
6:21 J.S. Bach: "Nun seid Ihr wohl gerochen", Christmas Oratorio, BWV 248
9:32 W.A. Mozart: "Et incarnatus est", Mass in C-minor, KV 427
17:36 J.S. Bach: Christmas Oratorio, BWV 248, "Sinfonia"
23:13 J.S. Bach: "Ehre sei Dir, Gott gesungen", Christmas Oratorio, BWV 248
27:33 J.S. Bach: Christmas Oratorio, "Herr dein Mitleid, dein Erbarmen"
35:05 Je me suis levé
37:50 In dulci Jubilo
42:30 J.S. Bach: "Großer Herr, o starker König, Christmas Oratorio, BWV 248,
47:24 G.F. Händel: "He shall feed his flock", Messiah
53:50 J.S. Bach: "Air", Suite in D-Major, BVW 1068

Barbara Bonney - soprano
Matthias Goerne - baritone
Freiburg Baroque Orchestra
German Brass
The Freiburger Domsingknaben

Recorded live from the Freiburg Cathedral, with soprano Barbara Bonney, worldwide renowned for the clarity of her voice and the precision of her diction and baritone Matthias Goerne, whose recent interpretation with Sir Alfred Brendel revealed him to be one of the most promising singers of his generation.
A wonderful Christmas Concert with the Freiburg Baroque Orchestra and German Brass which performs pieces by Bach, Mozart, and Händel.

http://youtu.be/rhNO42fbFsc

Merry Christmas from The Renaissance


Merry Christmas from The Renaissance
  http://youtu.be/-LKtpV15-zc

NICK DRAKE


NICK DRAKE
http://youtu.be/8kZMVG6N7DE

The Legendary Tigerman - Do Come Home


The Legendary Tigerman - Do Come

 Home http://youtu.be/Ai-gnK3PCcw

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Caixa de Pandora - Retorno



http://youtu.be/ObdLUdTwJ8E

The Dodos - Visiter


1. Walking 0:00
2. Red and Purple 2:08
3. Eyelids 6:48
4. Fools 7:43
5. Joe's Waltz 12:25
6. Winter 19:47
7. It's That Time Again 23:31
8. Paint the Rust 25:00
9. Park Song 31:15
10. Jodi 34:04
11. Ashley 40:18
12. The Season 44:22
13. Undeclared 50:35
14. God? 54:23

http://youtu.be/d8Ya7B8wKB8

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Edvard Hagerup Grieg: Peer Gynt Suite No.1


Edvard Hagerup Grieg (Bergen, 15 de Junho de 1843 — Bergen, 4 de Setembro de 1907) é o mais célebre compositor norueguês, um dos mais célebres do período romântico e do mundo. As suas peças mais conhecidas são a suíte sinfónica Holberg, o concerto para piano e a suíte Peer Gynt.
Peer Gynt Suite No.1
Performed by the Berliner Philharmoniker Orchestra
Herbert von Karajan, Conductor

http://pt.wikipedia.org/wiki/Edvard_Grieg****http://youtu.be/dyM2AnA96yE

Edvard Hagerup Grieg - Suite "Peer Gynt" nº1 op.46, I: Morning mood


Edvard Hagerup Grieg - Suite "Peer Gynt" nº1 op.46, I: Morning mood
Stephen Gunzenhauser
http://youtu.be/h5iGgKj9KpM

Grouper - Ruins


Grouper - Ruins [Full Album]

http://youtu.be/GJgXdSVFnJE

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Altus - Coma Cluster


Altus - Coma Cluster (Full Album)

http://youtu.be/USAXilf8iEE

MEMORIE ADRIANO - "Ritratto di una voce".

"Ritratto di una voce". Marguerite Yourcenar in dialogo con Adriano
Frammenti dal romanzo di Marguerite Yourcenar
Interpreti: Giorgio Albertazzi, Anita Bartolucci, Gianfranco Barrra, Roberto Gandini, Yordi Godal, Luana Nunzi, Tito Piscitelli, Andreas Rallys, José Sanchez Minobas, David Sant Noell
Interventi Musicali: Maria Carta, Alfio Antico, Domenico Maglionico
Coreografie: Eric Vu An
Regia: Maurizio Scaparro
Registrazione del 1989 nella Villa Adriana, Tivoli


http://youtu.be/1xwY1mJ9sNA

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Simon and Garfunkel Old friends, old friends

"Preserve as suas memórias,
elas são tudo o que resta de si..."


Old friends, old friends
Sat on their park bench like bookends
A newspaper blown through the grass
Falls on the round toes
Of the high shoes of the old friends
Old friends, winter companions, the old men
Lost in their overcoats, waiting for the sunset
The sounds of the city sifting through trees
Settle like dust on the shoulders of the old friends
Can you imagine us years from today?
Sharing a park bench quietly
How terribly strange to be seventy
Old friends, memory brushes the same years
Silently sharing the same fears
Time it was and what a time it was, it was
A time of innocence, a time of confidences
Long ago, it must be, I have a photograph
Preserve your memories, they're all that's left you


http://youtu.be/Ul2hSba5pOs

Simon & Garfunkel - April Come She Will


Simon & Garfunkel - April Come She Will

April come she will
When streams are ripe and swelled with rain
May she will stay
Resting in my arms again
June she'll change her tune
In restless walks she'll prowl the night


July she will fly
And give no warning to her flight
August die she must
The autumn winds blow chilly and cold
September I remember
A love once new has now grown old



http://youtu.be/PYD-DIggB2k

JS Bach The Well Tempered Clavier Book I,Ottavio Dantone



http://youtu.be/MWdIzA1SuC0

Akhnaten - Hymn



http://youtu.be/MWdIzA1SuC0

domingo, 14 de dezembro de 2014

"Tom Sawyer"-1917- A classic Mark Twain's novel, a fine modern silent film-Full movie-Soundtrack


Thomas "Tom" Sawyer is the title character of the Mark Twain novel The Adventures of Tom Sawyer (1876). He appears in three other novels by Twain: Adventures of Huckleberry Finn (1884), Tom Sawyer Abroad (1894), and Tom Sawyer, Detective (1896). Sawyer also appears in at least three unfinished Twain works, Huck and Tom Among the Indians, Schoolhouse Hill, and Tom Sawyer's Conspiracy. While all three uncompleted works were posthumously published, only Tom Sawyer's Conspiracy has a complete plot, as Twain abandoned the other two works after finishing only a few chapters.

Tom Sawyer's best friends include Joe Harper and Huckleberry Finn. In The Adventures of Tom Sawyer, Tom's infatuation with classmate Rebecca "Becky" Thatcher is apparent. He lives with his half brother Sid, his cousin Mary, and his stern Aunt Polly in the (fictional) town of St. Petersburg, Missouri. In addition, he has another aunt, Sally Phelps, who lives considerably farther down the Mississippi River, in the town of Pikesville. Tom is the son of Aunt Polly's dead sister.

The fictional character's name may have been derived from a jolly and flamboyant fireman named Tom Sawyer whom Twain was acquainted with in San Francisco, California, while Twain was employed as a reporter at the San Francisco Call. Twain used to listen to Sawyer tell stories of his youth, "Sam, he would listen to these pranks of mine with great interest and he'd occasionally take 'em down in his notebook. One day he says to me: 'I am going to put you between the covers of a book some of these days, Tom.' 'Go ahead, Sam,' I said, 'but don't disgrace my name.'

William Desmond Taylor (26 April 1872 -- 1 February 1922) was an Irish-born American director and actor. He directed 59 silent films between 1914 and 1922 and acted in 27 between 1913 and 1915. He was a popular figure in the growing Hollywood motion picture colony of the 1910s and early 1920s. Taylor's murder on 1 February 1922, along with other Hollywood scandals, such as the Roscoe Arbuckle trial, led to a frenzy of sensationalistic and often fabricated newspaper reports. His murder remains an official cold case.

Jack Pickford (August 18, 1896 - January 3, 1933) was a Canadian-born American actor and film director, brother of early filmstar Mary Pickford. After their father deserted the family, all three Pickford children had to take work as child actors. When Mary broke into films, Jack went to Hollywood with her, but was never in her league. When she signed her first $1 million contract, he was mostly playing the boy-next-door in B-films. Some claimed that he had great talent, but suffered from living in her shadow. At any rate, his life of drink, drugs and scandal ruled out any career success, and his three marriages to showgirls all ended in failure. Pickford died in Paris aged thirty-six. "Mark Twain's immortal TOM SAWYER flirts with Becky Thatcher, goes rafting with Huckleberry Finn on the Mississippi River & generally makes life a sore tribulation for the law-abiding citizens of St. Petersburg, Missouri. Produced only seven years after the death of Mark Twain, this rousing, action packed silent film remains faithful to the original classic novel. The fine production values lavished upon it give it the feel of an old photo album. Many of the favorite episodes from the first half of the book are included and filmed with much charm.

Jack Pickford gives a hardy, robust portrayal of Tom, the eternal companion of millions of American boys. Although a bit tall & old (he was 21) to be an authentic portrait of the real Tom, he comes close enough. Tattered, begrimed Robert Gordon as Huckleberry Finn also scores in his small role.+ The film concludes with the boys interrupting their own funeral, after being assumed drowned while river rafting. Director William Desmond Taylor decided to film the rest of the book and release it as a sequel, which he did the following year as HUCK AND TOM (1918). Four years later, in 1922, Taylor's still unsolved murder would give Hollywood one of its most sensational scandals.

Almost forgotten today, Jack Pickford, Mary's younger brother, was a movie star in his own right, appearing in 106 films between 1909 & 1928. Lacking his sister's intense dedication& drive, he gave his life over to riotous living - to the detriment of his career. Personal tragedy & dissipation would haunt him until his death in 1933 at the age of 36. - Ron Oliver"

Resources: wikipedia.org, archive.org New soundtrack and dubbing: CinemaHistoryChannel
Music: Kevin Mac Leod

http://youtu.be/ALlG9th-KhE

Once A Slave - The Adventures of Huck Finn Score (5/10)


Track 5 from "The Adventures of Huck Finn: Music from the Motion Picture" [SCORE]. Composed and Conducted by Bill Conti.
http://youtu.be/VvPHCydQZfU

The Adventures of Huck Finn - Bill Conti


The Adventures of Huck Finn
Compositor: Bill Conti
http://youtu.be/1qDqklBDmxE

Ara Dinkjian - Bir Gun Olacak


PEACE ON HEARTH
Offering - Ara Dinkijian
http://youtu.be/Yfp-FY7NVyA

Summertime - Mhairi Lockett & Josie Conti



http://youtu.be/-a0kaQZkgtM

sábado, 13 de dezembro de 2014

Africa Chill Out Music



http://youtu.be/ni6UkvNwDLs

Qualquer Coisa de Paz

 
 
 

Qualquer Coisa de Paz

Qualquer coisa de paz. Talvez somente
a maneira de a luz a concentrar
no volume, que a deixa, inteira, assente
na gravidade interior de estar.

Qualquer coisa de paz. Ou, simplesmente,
uma ausência de si, quase lunar,
que iluminasse o peso. E a corrente
de estar por dentro do peso a gravitar.

Ou planalto de vento. Milenária
semeadura de meditação
expondo à intempérie a sua área

de esquecimento. Aonde a solidão,
a pesar sobre si, quase que arruína
a luz da fronte onde a atenção domina.

Fernando Echevarría, in "Figuras"


NA GUERRA

Batalha de Campo Grande - 1871.jpg
The Battle of Acosta Ñu
 
 
NA GUERRA



Prefeito despachou estafeta a cavalo com
uma carta ao Imperador.
A carta anunciava a invasão da cidade por tropas
paraguaias.
E pedia recursos.
Dois meses depois o estafeta entregava a
carta ao Imperador.
Quando os recursos chegaram os paraguaios
não estavam mais.
Levaram quinze moças louçãs e um pouco
de mantimentos
para comer na viagem.
Acho que comeram tudo.
(Corumbá é uma cidade cuja população
é bem mesclada de paraguaios).


MANOEL DE BARROS
Compêndio para uso dos pássaros
(Poesia reunida 1937-2004)
Quasi Edições, 2007
(publicado por A.M. em:)
http://bit.ly/16iR4gC


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Grouper - Dragging a Dead Dear Up A Hill



http://youtu.be/sCOgvAIL3_U

QUADRAS


Alma de humilde tem asas,
De ambicioso, rasteja.
O incenso morre nas brasas...

E perfuma toda a igreja…
,

Pedaços de espelho são
Espelhos do mesmo modo…
Reparte o meu coração
E em cada parte irás todo!
,

Porque fui dançar na boda,
Em que foi que te ofendi?
Andei sempre à roda, à roda,
- Mas sempre à roda de ti…
,

Não anda sem companheira
O amor, a eterna criança…
Quando não é a Cegueira,
É sempre a Desconfiança.


Augusto Gil.

«A mais longa viagem: rumo ao próprio coração»

«A mais longa viagem: rumo ao próprio coração»
by Leonardo Boff

Observava o grande conhecedor dos meandros da psique humana C.G. Jung: a viagem rumo ao próprio Centro, ao coração, pode ser mais perigosa e longa do que a viagem à lua. No interior humano habitam anjos e demónios, tendências que podem levar à loucura e à morte e energias que conduzem ao êxtase  e à comunhão com o Todo.

Há uma questão nunca resolvida entre os pensadores da condição humana: qual é a estrutura de base do ser humano? Muitas são as escolas de intérpretes. Não é o caso de sumariá-las.

Indo diretamente ao assuto diria que não é a razão como comumente se afirma. Esta não irrompe como primeira. Ela remete a dimensões mais primitivas de nossa realidade humana das quais se alimenta e que a  perpassam em todas as suas expressões. A razão pura kantiana é uma ilusão. A razão sempre vem impregnada de emoção, de paixão e de interesse. Conhecer é sempre um entrar em comunhão interessada e afetiva com o objeto do conhecimento.

Mais que ideias e visões de mundo, são paixões, sentimentos fortes, experiências seminais que nos movem e nos põem marcha. Eles nos levantam, nos fazem arrostar perigos e até arriscar a própria vida.

O primeiro parece ser a inteligência cordial, sensível e emocional. Suas bases biológicas são as mais ancestrais, ligadas ao  surgimento da vida, há 3,8 bilhões de anos, quando as primeiras bactérias irromperam no cenário da evolução e começaram a dialogar quimicamente com o meio para poder sobreviver. Esse processo se aprofundou a partir do momento em que, há milhões de anos, surgiu o cérebro límbico dos mamíferos, cérebro portador de cuidado, enternecimento, carinho e amor pela cria, gestada no seio desta espécie nova de animais, à qual nós humanos também pertencemos. Em nós ele alcançou o patamar autoconsciente e inteligente, Todos nós esamos  vinculados a esta tradição primeva.

O pensamento ocidental, logocêntrico e antropocêntrico, colocou o afeto sob suspeita, com o pretexto de prejudicar a objetividade do conhecimento. Houve um excesso, o racionalismo, que chegou a produzir em alguns setores da cultura, uma espécie de lobotomia, quer dizer, uma completa insensibilidade face ao sofrimento humano e dos demais seres e da própria Mãe Terra. O Papa Francisco em Lampedusa face aos imigrados africanos criticou a globalização da insensibilidade, incapaz de se compadeer e de chorar.

Mas, podemos dizer que a partir do romantismo europeu (com Herder, Goethe e outros) se começou resgatar a inteligência sensível. O romantismo é mais que uma escola literária. É um sentimento do mundo, de pertença à natureza e da integração dos seres humanos na grande cadeia da vida (Löwy e Sayre, Revolta e melancolia, 28-50).

Modernamente o afeto, o sentimento e a paixão (pathos) ganharam centralidade. Esse passo é hoje imperativo, pois somente com a razão (logos) não damos conta das graves crises por que passa a vida, a Humanidade e  a Terra. A razão intelectual  precisa integrar a inteligência emoconal sem o que não construíremos uma realidade social integrada e de rosto humano. Não se chega ao coração do coração sem passar pelo afeto e pelo amor.

Um dado entretanto, cabe ressaltar entre outros importantes, por sua relevância e pela alta tradição de que goza: é a estrutura do desejo  que marca a psiqué humana. Partindo de Aristótles, passando por Santo Agostinho e pelos medievais como  São Boaventura( chama a São Francisco de vir desideriorum, um homem de desejos), por Schleiermacher, Max Scheler nos tempos modernos e culminando em Sigmund Freud, Ernst Bloch e René Girard nos tempos mais recentes, todos afirmam a centralidade da estrutura do desejo.

O desejo não é um impulso qualquer. É um motor que dinamiza e põe em marcha toda a vida psíquica. Ele funciona como um princípio, traduzido tambem pelo  filósofo Ernst Bloch por princípio esperança.  Por sua natureza, o desejo é infinito e confere o caráter infinito ao projeto humano.

O  desejo torna dramática e, por vezes, trágica a existência. Mas também, quando realizado, uma felicidade sem igual. Por outro lado, produz grave desilusão quando o ser humano identifica uma realidade finita como sendo o objeto infinito desejado. Pode ser a pessoa amada, uma profissão sempre ansiada, uma propriedade, uma viagem pelo mundo ou uma nova marca de celular.

Não passa muito tempo e aquelas realidades desejadas lhe parecem ilusórias e apenas fazem aumentar o vazio interior, grande do tamanho de Deus. Como sair deste impasse tentando equacionar o infinito do desejo com o finito de toda realidade? Vagar de um objeto a outro, sem nunca encontrar repouso? O ser humano tem que se colocar seriamente a questão: qual é o verdadeiro e obscuro objeto de seu desejo? Ouso responder: este é o Ser e não o ente, é o Todo e não a parte, é o Infinito e não o finito.

Depois de muito peregrinar, o ser humano é levado a fazer a experiência do cor inquietum  de  Santo Agostinho, o incansável homem do desejo e o infatigável  peregrino do Infinito. Em sua autobiografia,  As Confissões  testemunha com comovido sentimento:

Tarde  te amei,  ó Beleza tão antiga e tão nova.Tarde  te amei.Tu me tocaste e eu ardo de desejo de tua paz. Meu coração inquieto não descansa enquanto não respousar em ti (livro X, n.27).

Aqui temos  descrito o percurso do desejo que busca e encontra  o seu obscuro objeto sempre desejado, no sono e na vigíla. Só o Infinito se adequa ao desejo infinito do ser humano. Só então termina a viagem rumo ao coração e começa o sábado do descanso  humano e divino.»

Leonardo Boff é teólogo e filósofo e escreveu Tempo de Transcendência: o ser humano como  projeto infinito,  Vozes 2002.

Ara Dinkjian : Vazgeçtim


Ara Dinkjian : Vazgeçtim (eu desisto)

http://youtu.be/lRVrrDEeRNA

J.S.Bach : Little Fugue in C Minor BWV 578 - Boston Pops Orchestra - Bernini's Works


Fugue in G minor, BWV 578, "Little", is a piece of organ music written by Johann Sebastian Bach sometime around his years at Arnstadt (1703--1707).

A common misconception is that the Little fugue in G minor is Little in importance, but editors titled or subtitled the work Little to avoid confusion between this piece and the later Great Fantasia and Fugue in G minor, BWV 542, which is longer in duration.

This fugue is one of many works which Leopold Stokowski arranged for orchestra. This arrangement has been recorded in 2006 by José Serebrier and the Bournemouth Symphony Orchestra for Naxos.

The fugue's four-and-a-half measure subject is one of Bach's most recognizable tunes. The fugue is in four voices. During the episodes, Bach uses one of Arcangelo Corelli's most famous techniques: imitation between two voices on an eighth note upbeat figure that first leaps up a fourth and then falls back down one step at a time.

Arthur Fiedler and the Boston pops Orchestra

Sculptures and Fountains by Gian Lorenzo Bernini

Omage to this great italian Baroque Artist
http://youtu.be/IPIRsFRUrKI

«Deus connosco»

Deus connosco, a inteira humanidade surpreendes
 porque não existes na omnipotência do tirano,
 mas na promessa de um nascimento que vem.
Acompanha-nos no nosso caminho para o amor,
e assim tua presença no outro perceberemos.

Deus connosco, Tu ergues a justiça e a paz,
apesar da guerra, da intolerância, do ódio.
Ensina-nos a acolher-te sem te manipular,
a construir contigo um mundo mais fraterno,
e assim nossos desertos em pomares se mudarão.

Deus connosco, Tu respondes à nossa esperança
 quando connosco partilhas a tua sede de libertação.
Grava nas nossas almas a fome da tua salvação,
para que, com Maria, saboreemos a alegria
 de um dia estarmos todos reunidos no teu Reino.

Deus connosco, todos os dias nos vens salvar
 pelo desarmado amor do menino de Belém.
Sê a nossa estrela na noite das nossas inquietudes,
com sinais de perdão manifesta a tua vinda,
Tu, o Emanuel, do presépio ao túmulo vazio.

Jacques Gautier
 Trad.: Rui Jorge Martins

v/
http://bit.ly/1sooG0Z

Bach - Cantata 'Ich hab in Gottes Herz und Sinn' BWV 92



http://youtu.be/aSnEUkqDN5U

Bach - Cantata 'Gelobet seist du, Jesu Christ' BWV 91


http://youtu.be/71PLvS3LIF0+++ Bach Cantata Translations BWV 91 - "Gelobet seist du, Jesu Christ" http://www.emmanuelmusic.org/notes_translations/translations_cantata/t_bwv091.htm#pab1_7

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

ANNABEL LEE


ANNABEL LEE
(de Edgar Allan Poe)

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar....
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

.
Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demónios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
.

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.

Tradução de Fernando Pessoa