quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Augusto Cury «O código da inteligência»


«Todos os dias as pessoas guardam lixo mental sem se dar conta. Não conseguem decifrar os códigos da inteligência que deveria agir em certas situações e caem em armadilhas da mente o tempo todo.
 Nosso psíquico é complexo e na muitas das vezes não sabemos lidar com algumas situações e agimos conforme nossas crenças, dogmas religiosos, superstições e preconceitos.
 O livro mostra como as pessoas que saíram do rol das pessoas comuns e expandiram o mundo das ideias em matemática, física, espiritualidade, politica, relações humanas e muitas outras áreas. Observando esses grandes pensadores e estudiosos, nota-se que eles decifraram alguns códigos da inteligência que os tornaram celebres. Todos podem desenvolver esses códigos para expandir sua inteligência e atingir o topo do sucesso.
 Além dos códigos da inteligência como o Carisma, intuição criativa, o altruísmo, e outros, o autor também comenta quatro atitudes do ser humano que ele chama de armadilhas da mente humana :


 – A armadilha do coitadismo.

 – A armadilha do Conformismo.

 – O medo de reconhecer os erros.

 – O medo de correr riscos.

 Essas armadilhas mentais fazem com que o ser humano não saia do lugar de conforto que ele mesmo estabeleceu, enquanto aqueles que dominam os códigos da inteligência conseguem atingir os mais altos níveis de sucesso naquilo que escolheram para fazer.

DNA de um excelente profissional é esculpido no terreno da educação, elaborado nos solos dos conflitos, forjado no calor dos desafios, esculpido no terreno da fragilidade”. Augusto Cury

Augusto Cury em seu livro “O código da inteligência” abre as cortinas de nosso psíquico e mostra como podemos evitar as armadilhas da nossa mente e desenvolver nossa capacidade em agir segundo as melhores qualidades mentais. Os códigos da inteligência apresentados estimulam à criatividade, o pensamento, a saúde mental e expande a capacidade profissional, tornando aqueles que os dominarem, mais preparados para o mundo e seus desafios. A busca da excelência profissional passa por decifrar se não todos, pelo menos alguns dos códigos da inteligência humana e coloca-los em prática.»



http://youtu.be/gc7WV_BE_Pw

Pete Namlook - Silence


Pete Namlook - Silence

  http://youtu.be/3AvcerpAIFA

domingo, 25 de janeiro de 2015

Face to Face - Entrevista com Carl Jung


Entrevista realizada com o psicólogo suíço Carl Gustav Jung em sua residência, na cidade de Zurique, Suíça.

Carl Jung
http://bit.ly/1CHI7tR

sábado, 24 de janeiro de 2015

Cessa o teu canto!

Fernando Pessoa

Cessa o teu canto!

Cessa o teu canto!
Cessa, que, enquanto
O ouvi, ouvia
Uma outra voz
Como que vindo
Nos interstícios
Do brando encanto
Com que o teu canto
Vinha até nós.
Ouvi-te e ouvi-a
No mesmo tempo
E diferentes
Juntas a cantar.
E a melodia
Que não havia,
Se agora a lembro,
Faz-me chorar.
Foi tua voz
Encantamento
Que, sem querer,
Nesse momento
Vago acordou
Um ser qualquer
Alheio a nós
Que nos falou?
Não sei. Não cantes!
Deixa-me ouvir
Qual o silêncio
Que há a seguir
A tu cantares!
Ah, nada, nada!
Só os pesares
De ter ouvido,
De ter querido
Ouvir para além
Do que é o sentido
Que uma voz tem.
Que anjo, ao ergueres
A tua voz
Sem o saberes
Veio baixar
Sobre esta terra
Onde a alma erra
E com as asas
Soprou as brasas
De ignoto lar?
Não cantes mais!
Quero o silêncio
Para dormir
Qualquer memória
Da voz ouvida,
Desentendida,
Que foi perdida
Por eu a ouvir...
 

9-5-1934

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).
 


http://youtu.be/FySi6xXkNqo

Charlie Parker With Strings - Summertime



http://youtu.be/npQMU7wnQ_g

MARVIN GAYE - Maria (1985)


MARVIN GAYE - Maria (1985) http://youtu.be/jdb48LrvoVQ

Charles Aznavour - "She"


Charles Aznavour - "She"
http://youtu.be/AClx-7n0skM

Ain't Misbehavin by Benny Goodman Sextet (1945)


Ain't Misbehavin by Benny Goodman Sextet (1945)

http://youtu.be/DLJzEwBYpgs

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Canção para a minha filha Isabel adormecer quando tiver medo do escuro

Nem sombra nem luz
nem sopro de estrela
nem corpinhos nus
de anjos à janela
nem asas de pombos
nem algas no fundo
nem olhos redondos
espantados do mundo
nem vozes na ilha
nem chuva lá fora
dorme minha filha
que eu não vou embora

 
António Lobo Antunes



http://youtu.be/xa39gh2ilP4

Não canto porque sonho

Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
teu sorriso puro,
a tua graça animal.

Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
mesmo bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinho.

Canto porque o amor apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
Por vê-los nus e suados.

Eugénio de Andrade





http://youtu.be/QmFCUH9B398

O INOMINÁVEL

O INOMINÁVEL

Nunca
dos nossos lábios aproximaste
o ouvido; nunca...

ao nosso ouvido encostaste os lábios;
és os silêncio,
o duro espesso impenetrável
silêncio sem figura.
Escutamos, bebemos o silêncio
nas próprias mãos
e nada nos une
- nem sequer sabemos se tens nome


Eugénio de Andrade, "Ofício de Paciência", 1994

Low Roar - Low Roar



http://youtu.be/dyb3NrkakWw

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Der Lindenbaum aus Schuberts Winterreise


A tília (Poema de Wilhelm Müller)

Junto da fonte, defronte do portão,
Ergue-se uma tília
À sombra da qual
Eu tenho sonhado tão felizes sonhos.


Na sua casca eu gravei
Tantas palavras de amor,
Na alegria e na tristeza
Sempre fui atraído aí.


Também hoje eu fui levado
A passar por ela na noite sombria,
E mesmo na escuridão
Eu tive de fechar os olhos


E os seus ramos murmuravam
Como se chamassem por mim:
Aproxima-te, companheiro,
Aqui encontrarás o teu repouso!


Os ventos gelados sopravam
Em cheio na minha face,
O chapéu voou da minha cabeça
Mas eu não me voltei.


Agora estou a muitas horas
De distância desse lugar,
No entanto, ainda ouço murmurar:
Lá tu terias encontrado descanso!


Am Brunnen vor dem Tore
Da steht ein Lindenbaum;
Ich träumt' in seinem Schatten
So manchen süßen Traum.

Ich schnitt in seine Rinde
So manches liebe Wort;
Es zog in Freud' und Leide
Zu ihm mich immer fort.

Ich mußt' auch heute wandern
Vorbei in tiefer Nacht,
Da hab' ich noch im Dunkeln
Die Augen zugemacht.

Und seine Zweige rauschten,
Als riefen sie mir zu:
Komm her zu mir, Geselle,
Hier find'st du deine Ruh' !

Die kalten Winde bliesen
Mir grad' ins Angesicht;
Der Hut flog mir vom Kopfe,
Ich wendete mich nicht.

Nun bin ich manche Stunde
Entfernt von jenem Ort,
Und immer hör' ich's rauschen:
Du fändest Ruhe dort !


http://youtu.be/TQDEX13cP44

Wolfgang Amadeus Mozart- Symphonies 40,41 (Neville Marriner, Academy of St Martin in the Fields)


Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791)
Symphonies 40,41 (Neville Marriner, Academy of St Martin in the Fields)
1. Symphony No. 40 in G minor 00:00
2. Symphony No. 41 in C major 26:51

http://youtu.be/AvLFETD-KjY

Schubert - Winterreise - "Gute Nacht" (BOA NOITE) , Hans Hotter, Gerald Moore


Franz Schubert (1797-1828) - Die Winterreise
"Gute Nacht" (BOA NOITE)
Hans Hotter, Bariton
Gerald Moore, Klavier


Viagem de Inverno (Poema de Wilhelm Müller)

Boa noite

Estrangeiro cheguei,
Estrangeiro parti.
O mês de Maio acolheu-me
Com as suas muitas flores.
A jovem falou-me de amor,
A mãe mesmo de casamento.
Agora a natureza está tão desolada,
Com a vereda cheia de neve.

Para a viagem eu não posso
Escolher tempo:
Eu próprio devo trilhar o meu caminho
Nesta escuridão.
A minha sombra projectada pela lua
É o meu único companheiro
E sobre a branca pradaria
Eu procuro as pegadas da caça

Porque devo permanecer mais tempo
Até que me expulsem?
Que uivem os cães
Defronte da casa do seu dono.
O amor gosta de vaguear
Deus assim o fez -
De um para o outro,
Minha bem amada, boa noite!

Eu não quero perturbar os teus sonhos,
Seria prejudicial para o teu repouso,
Tu não deves ouvir os meus passos -
Suave, suavemente fechem-se as portas!
Ao transpor o portão eu escreverei
Para ti: boa noite,
Para que tu possas ver
Que eu pensei em ti.




Fremd bin ich eingezogen,
Fremd zieh' ich wieder aus.
Der Mai war mir gewogen
Mit manchem Blumenstrauß.
Das Mädchen sprach von Liebe,
Die Mutter gar von Eh', -
Nun ist die Welt so trübe,
Der Weg gehüllt in Schnee.

Ich kann zu meiner Reisen
Nicht wählen mit der Zeit,
Muß selbst den Weg mir weisen
In dieser Dunkelheit.
Es zieht ein Mondenschatten
Als mein Gefährte mit,
Und auf den weißen Matten
Such' ich des Wildes Tritt.

Was soll ich länger weilen,
Daß man mich trieb hinaus ?
Laß irre Hunde heulen
Vor ihres Herren Haus;
Die Liebe liebt das Wandern -
Gott hat sie so gemacht -
Von einem zu dem andern.
Fein Liebchen, gute Nacht !

Will dich im Traum nicht stören,
Wär schad' um deine Ruh'.
Sollst meinen Tritt nicht hören -
Sacht, sacht die Türe zu !
Schreib im Vorübergehen
Ans Tor dir: Gute Nacht,
Damit du mögest sehen,
An dich hab' ich gedacht

.

http://youtu.be/x9OysEmbDfE

Eric Tappy - Franz Schubert: Die Schöne Müllerin, Op. 25 D 795 (1823) / Trockne Blumen

Wilhelm Mueller
 (1794-1827)


Das Wandern / Viajar

Viajar é a alegria do moleiro,
Viajar!
Só pode ser mau moleiro
Aquele a quem viajar não agrade,
Viajar!
Aprendemos com a água,
Com a água!
Que não pára dia e noite,
Pensando só na viagem,
A água.
O mesmo fazem as rodas,
As rodas!
Que nunca ficam quietas,
Não se cansam de rodar,
As rodas.
E até as mós, tão pesadas que elas são,
As mós!
Giram numa dança alegre,
E querem ir mais depressa,
As mós.
Oh viajar, viajar, minha alegria,
Oh viajar!
Meu senhor, minha senhora,
Deixai-me partir em paz,
Vou viajar.

*
Franz Schubert (1797-1828)
Die Schöne Müllerin, Op. 25 D 795 (1823)
Song cycle to poems by Wilhelm Müller

Eric Tappy, Ténor
Ruben Lifschitz, Piano http://youtu.be/g3vghiLvJWs

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

«O velho poema do século XIII»

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«O velho poema do século XIII: A porta abre-se a todos / doentes e sãos / não só a católicos / e também a pagãos / a judeus, a hereges / a ociosos e vãos / e mais brevemente / a bons profanos; deixa bem claro que o Caminho, já desde seus começos históricos, é uma opção oferecida a todos para além das convicções pessoais, crenças e ideologias, o que adquire singular valor se consideramos que se tratava de uma inscrição existente num hospital de beneficência de gestão eclesiástica para peregrinos. Todo o peregrino coloca-se a Caminho pelos seus próprios motivos e todos merecem respeito.
A importância das coisas é sempre relativa segundo a valorização do próprio. Poderia dizer-se que a hipótese não é imprescindível doutrinalmente. Não é um dogma eclesiástico e de facto os grandes detratores da Tradição Jacobeia têm sido homens da Igreja. Não é também necessário para quem assume a peregrinação a Santiago de Compostela com motivos de fé, que consiste precisamente em crer para além de argumentos e demonstrações, e inclusivamente sem eles. O que se venera em Compostela é a figura de um dos grandes apóstolos de Cristo, como exemplo de compromisso e renúncia até dar a vida pela sua fé. E é a fé que legitima o culto Jacobeu, não a certeza ou a dúvida sobre a presença das suas relíquias. A aceitação e a vontade milenar que reúne Santiago de Compostela tornam legítimo o culto Jacobeu e a peregrinação.»
 
Fonte:
http://tradicao-jacobeia.blogs.sapo.pt/

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

SEAY - Angelica


SEAY - Angelica
http://youtu.be/qyazProB_Q8

SEAY - Winterlight


SEAY - Winterlight
  http://youtu.be/G8LIHW6gO8U

Empire Of The Sun - Ice On The Dune


Empire Of The Sun - Ice On The Dune
  http://youtu.be/vkCpG35v65k

ASHKENAZY, Beethoven Piano Sonata No.30 in E major, Op.109


ASHKENAZY, Beethoven Piano Sonata No.30 in E major, Op.109
Vladimir Ashkenazy, piano Dec 1974
1.Vivace ma non troppo - Adagio espressivo 4:14
2.Prestissimo 2:29
3.Andante molto cantabile ed espressione 13:39

http://youtu.be/Y1DXX3gIzkM

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

J. S. Bach: Mass in B minor, BWV 232 | Jordi Savall


• Bach: Mass in B minor, BWV 232
00:00:42 • Kyrie
00:18:05 • Gloria
00:52:30 • Credo
01:22:57 • Sanctus:
01:37:00 • Agnus Dei
__

• Céline Scheen: soprano
• Yetzabel Arias: soprano
• Pascal Bertin: countertenor
• Makoto Sakurada: tenor
• Stephan Macleod: bass

Le Concert des Nations & La Capella Reial de Catalunya
Conducted by Jordi Savall

http://youtu.be/CRxn-1wveUc

Daniel Barenboim * Beethoven "Moonlight Sonata"



http://youtu.be/GXjhc8EbY4I

F.F.Chopin - Valse brillante No 2 op. 34 - Dubravka Tomsic

http://youtu.be/bW9_8gtyksQ*****Frédéric Chopin -- http://bit.ly/1odLmyy

Domenico Scarlatti - Harpsichord Sonatas - Igor Kipnis ( Part 1 )


The Virtuoso Scarlatti

1. Sonata in A Major (Kirkpatrick 24)
2. Sonata D Minor (K.141)
3. Sonata In G Minor (K.426)
4. Sonata In G Major (K.427)
5. Sonata In C Minor (K.158)
6. Sonata In C Major (K.159)
7. Sonata In A Major (K.208)
8. Sonata In A Major (K.209)
9. Sonata In E Major (K.46)
10. Sonata In G Minor (K.30) 'The Cat's Fugue'
11. Sonata In E Major (K.380) 'Cortege'
12. Sonata In E Major (K.381)
13. Sonata In D Major (K.118)
14. Sonata In D Major (K.119)
15. Sonata In D Minor (K.120)
http://youtu.be/MfuZL_RZwIw

Pelos olhos de uma criança passam / Rápidas as aves em ascensão.»

Pelos olhos de uma criança passam
Rápidas as aves em ascensão.


Pelos olhos, as aves deslocadas,
São da criança a ilusão do mundo,
Não mais do que aves repetidamente,
A suceder aos olhos de criança
Que de aves sabe o que o mundo lhe traz.


Aves nos olhos da criança são
Restos a deslocarem-se do mundo,
Aves permanecendo aves, sempre.

 

Que aves são estas, postas à beira
Do caudal do poema, da fadiga
Da escrita e do miolo da memória?


Que aves são e como se deslocam
Por entre as folhas limpas arrancadas
Ao vazio das vozes, ao outono?


Porquê aves e porquê deste modo,
A arriscar a evidência sobre o voo?


E de que claros dedos surgem aves,
Estas que nunca antes existiram?

 
Rui Almeida, "TEMOR ÚNICO IMENSO", ed. Labirinto, 2014

  |http://ruialme.blogspot.pt/|

Sophia de Mello Breyner Andresen - "A menina do mar" Música de Fernando Lopes-Graça.


Sophia de Mello Breyner Andresen - "A menina do mar"
(disco de 1961)
Música de Fernando Lopes-Graça. Vozes de Eunice Muñoz, Francisca Maria, António David, e Luís Horta.
Direcção de Artur Ramos.
"A Menina do Mar" é um conto escrito em prosa poética que contém muitos dos elementos do universo criativo da sua autora; o mar, a mitologia, a relação do homem com a natureza.

[...Aqui se recria a história de um rapaz, com alma de aventureiro e existência independente, que vive numa casa na praia de "areia branca e fina", e do seu encontro com uma menina do tamanho da palma da mão, feita de algas e que mora numa gruta no fundo do mar, tendo por companhia "o polvo, o caranguejo e o peixe"...]

  http://youtu.be/qJyMLokcUXo

domingo, 11 de janeiro de 2015

AS CIDADÃS ANÓNIMAS DE LISBOA



Não sei um dia mas alguma coisa me doía
Ou talvez não doesse mas havia fosse o que fosse
Era isso sentia a grande falta de uma árvore.
 
RUY BELO

« Se pensarmos nos Jacarandás floridos, na sua dança aérea e azul, Lisboa parece estes dias uma composição sonhada por Chagall ou Matisse. Lisboa deve às árvores que possui, às árvores de que se esquece, uma parte eloquente da sua beleza. Elas guardam, para nós, a cor, o alfabeto vegetal do silêncio, o atalho secreto da alegria.   O seu movimento parado é uma ilusão, pois as árvores são extraordinárias viajantes que se deslocam através de distâncias incalculáveis. Chegaram aqui vindas do Cáucaso, da Sibéria, do Tibete, da América... por ventos, por correntes marítimas, nos grandes invernos... ocultas nos pés dos escravos, escondidas algures na trouxa de um distraído mercador ou entre o pelo dos animais... E se estão ao pé de nós, sabemos também que estão sempre a partir. São fluídas. Mudam de casca e de casa. Morrem. Migram da noite para o dia. Aprendemos a contar por elas as estações do ano e da nossa vida. Há as árvores da infância. As do nosso bairro, anos mais tarde. Há uma árvore que avistamos de relance em situações que depois não esquecemos mais. lembro-me de ter visto o poeta Mário Cesariny abraçar uma árvore como quem abraça um amigo. Foi uma coisa tão grande!- ficamos a vêlo, encolhidos e calados que nem ratos.
  Lisboa tem uma população admirável de árvores. Algumas estão classificadas e têm um estatuto semelhante ao do património construído classificado. Tudo isto está muito bem. Mas quando andamos pelas ruas de Lisboa e nos cruzamos com árvores, elas não têm identificação alguma, são cidadãs anónimas! Raros são aqueles que as tratam pelo nome próprio. Mas noutras cidades europeias têm junto das suas árvores, colado no chão, um pequeno letreiro com o seu nome.
Queria dedicar este texto ao Lódão que avisto da janela.»

in O Hipopótamo de Deus - José Tolentino Mendonça -

Cansado de ser homem durante o dia inteiro

EUGÉNIO DE ANDRADE

Cansado de ser homem durante o dia inteiro
chego à noite com os olhos rasos de água.
Posso então deitar-me ao pé do teu retrato,
entrar dentro de ti como num bosque.

É a hora de fazer milagres: posso ressuscitar os
mortos e trazê-los a este quarto branco e
despovoado, onde entro sempre pela primeira
vez, para falarmos das grandes searas de trigo
afogadas na luz do amanhecer.

Posso prometer uma viagem ao paraíso a
quem se estender ao pé de mim, ou deixar
uma lágrima nos meus olhos ser toda a
nostalgia das areias.

É a hora de adormecer na tua boca,
como um marinheiro num barco naufragado,
o vento na margem das espigas.


Eugénio de Andrade
[Póvoa de Atalaia, Fundão, 1923]

O JARDIM

O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências, 

ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.

Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.

António Ramos Rosa, "Volante Verde"

Os Justos (Jorge Luis Borges)


«Um homem que cultiva seu jardim, como sugeria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sur jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de certo canto.
O que acaricia um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão salvando o mundo.»


Jorge Luis Borges http://youtu.be/aZz0jYoDnbg

Rose Royce - In Full Bloom Album


Rose Royce - In Full Bloom Album
01. Wishing On A Star
02. You Can't Please Everybody 3
03. Ooh Boy
04. Do Your Dance
05. You're My World Girl
06. Love, More Love
07. Funk Factory
08. It Makes You Feel Like Dancin

http://youtu.be/wSWntjr8c_w

sábado, 10 de janeiro de 2015

My african dream. orkest André Rieu


My african dream. orkest André Rieu

Sometimes alone in the evening,I look outside my window,
At the shadow in the night
I hear the sound of distant crying, the darkness multiplying,
The weary hearts denied
All I feel is my heartbeat,
Beating like a drum,
Beating with confusion
All I hear are the voices,
Telling me to go,
But I could never run

(Chorus)

Cos' in my African Dream
There's a new tommorow
Cos' in my african Dream
There's a dream that we can follow
Now when the night begins to fall, I listen for your call,
I listen for your heartbeat
Although my dream is just a dream, another false illusion,
A shadow in the night
All I want is for our heartbeats,
The beat just as one,
To silence that confusion
And the pain and the illusion,
Will dissapear again,
And we would never run

(Chorus)

Cos' in my African Dream
There's a new tommorow
Cos' in my african Dream
There's a dream that we can follow

http://youtu.be/0r4okXeoC_Y

ANDRÉ RIUE - SERENADE DE ROSSIGNOL



http://youtu.be/4mPlt_SXm9c

Paul Mauriat - Le rossignol Anglais


Hugues Aufray - Le rossignol Anglais

Laï laï laï laï laï laï laï..
Laï laï laï laï laï laï laï,
Laï laï laï laï laï laï laï... Hey!

Laï laï laï laï laï laï laï..
Laï laï laï laï laï laï laï,
Laï laï laï laï laï laï laï.

Ma mignone mignonette,
Promène moi dans ta maison.
Cache moi dans ta cachette,
Je te dirai des chansons.
Je me ferai tout gentil,
Je te promets d´être sage,
Et quand tu liras la nuit,
Je te tournerai les pages.

Chante chante rossignol,
Trois couplets en espagnol,
Et tout le reste en anglais.. hey!

Chante chante rossignol,
Trois couplets en espagnol,
Et tout le reste en anglais.

Ma mignone mignonette,
Emmène moi dans ton lit.
Couche moi dans ta couchette,
Il va faire bon dans ton nid.
J´ai tellement voyagé,
Tellement connu de Dames,
Je suis très très fatigué,
Tu apaiseras mon âme.

Chante chante rossignol,
Trois couplets en espagnol,
Et tout le reste en anglais.. hey!

Chante chante rossignol,
Trois couplets en espagnol
Et tout le reste en anglais.

Chante chante rossignol,
Trois couplets en espagnol,
Et tout le reste en anglais.. hey!

Chante chante rossignol,
Trois couplets en espagnol,
Et tout le reste en anglais.

Ma mignone mignonette,
D´amour tu me fais languir.
Tu t´amuses ma coquette,
A m´arracher les soupirs.
Je regretterai demain,
Tes rubans de tes dentelles,
Moi je n´demandais rien,
Que de te bercer, ma belle.

chante chante rossignol,
trois couplets en espagnol,
et tout le reste en anglais.. hey!

Chante chante rossignol,
Trois couplets en espagnol,
Et tout le reste en anglais.. hey!

Laï laï laï laï laï laï laï..
Laï laï laï laï laï laï laï,
Laï laï laï laï laï laï laï.

(Encore une fois..)


http://youtu.be/frsvdV8z_qU

Missa em Si Menor (BWV 232) de Johann Sebastian Bach.


Missa em Si Menor (BWV 232)  de Johann Sebastian Bach.

PS: As pinturas que aparecen no video são óleos de Albert Bierstadt, paisajista germano-estadounidense do s. XIX.

http://youtu.be/L8A31YWR23U***http://pt.wikipedia.org/wiki/Missa_em_Si_Menor

SONETOS 2 - Fernando Assis Pacheco

Foto de capa

Fernando Assis Pacheco
SONETOS 2


Os trabalhos de amor são os mais leves
de quantos algum dia pratiquei
na cama as alegrias fazem lei
e se me queixo é só de serem breves

eu vivo atado às tuas mãos suaves
num nó de que este corpo já não sai
ferve o arco de sol a tarde cai
ardem voando pelo céu as aves



mágoas outrora muitas fabriquei
e em países salobros jornadeei
ao dorso das tristezas almocreves



a vez em que te amei um outro fui
comigo fiz a paz nada mais dói
e os trabalhos de amor nunca são graves



In Respiração Assistida


http://youtu.be/XBvkxnbFg7U

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Pjusk & Sleep Orchestra - Vansunbarth


Pjusk & Sleep Orchestra - Vansunbarth
  http://youtu.be/WqKM0Vqpr2Y

"The Painted Veil" soundtrack album by Alexandre Desplat.



"The Painted Veil" soundtrack album by Alexandre Desplat.
Tracklist:
 1. The Painted Veil 0:00
 2. Gnossienne no.1 (Erik Satie) 03:19
 3. Colony Club 06:43
 4. River Waltz 09:09
 5. Kitty's Theme 11:33
 6. Death Convoy 14:41
 7. The Water Wheel 17:33
 8. The Lovers 23:55
 9. Promenade 25:23
10. Kitty's Journey 27:29
11. The Deal 30:20
12. Walter's Mission 33:43
13. The Convent 37:41
14 River Waltz (piano solo) 38:33
15. Morning Tears 41:00
16. Cholera 42:53
17. The End of Love 47:17
18. The Funeral 51:54
19. From Shanghai to London 52:48


http://youtu.be/Mfdq0tKfnLU

Pride and prejudice - Full soundtrack


Whole soundtrack to Pride and Prejudice film with music by Dario Marianelli.
1. "Dawn" 00:00-02:40
2. "Stars and Butterflies" 2:40-04:42
3. "The Living Sculptures of Pemberley" 04:42-7:45
4. "Meryton Townhall" 07:45-9:00
5. "The Militia Marches In" 09:00-09:58
6. "Georgiana" 09:58-11:33
7. "Arrival At Netherfield" 11:33-13:18
8. "A Postcard to Henry Purcell" 13:18-16:00
9. "Liz on Top of the World" 16:00-17:15
10. "Leaving Netherfield" 17:15-19:05
11. "Another Dance" 19:05-20:22
12. "The Secret Life of Daydreams" 20:22-22:20
13. "Darcy's Letter" 22:20-26:18
14. "Can't Slow Down" 26:18-27:35
15. "Your Hands Are Cold" 27:35-32:59
16. "Mrs. Darcy" 32:59-36:37
17. "Credits" 36:37-41:33
http://youtu.be/u4DZPemB4uI

PREFIRO ACREDITAR

 


dias de janeiro

os dias passam
e são todos iguais
é janeiro e é calor
parece que a vida
parou de vez
planos descartados
sonhos sufocados
impossibilidades
o mar a areia
sopro de vento
de liberdade
de ir e vir
esperar com fé
esperar a chuva
única benção
a me acalmar
tormentos bobos
tão passageiros
com tanta dor
neste mundo
caio neste absurdo
chafurdo louca
no meu próprio
pesadelo

21/01/2014
Mô Schnepfleitner

Imagem Open ArtGroup

Imagem:  Open ArtGroup



"PREFIRO ACREDITAR"

Mary Stevenson
(1922-1999)


 Era noite e eu caminhava
 Pela areia e imaginava
 Memórias da vida no céu,
 E pegadas à beira da água
 Que eu contava, admirado.
 Seriam passos do passado,
 Ou Deus que caminhava ao meu lado?


 Era noite e eu recordava
 Os dias de sofrimento e mágoa
 Em que não encontrei companhia
 E a areia só mostrava
 O rasto da minha melancolia.
 Não via as pegadas de Deus,
 Os passos que via eram só meus.


 Tinhas-me prometido
 Que se tomasse este caminho
 Caminharias a meu lado
 Mas quando a dor foi maior
 E olhei em redor
 Mais solitário me senti
 E tão solitárias as pegadas que vi.


 Prefiro acreditar
 Que nos dias de sofrimento e mágoa
 Desenhados junto à água
 Esses solitários passos
 Afinal não eram meus
 Eram as pegadas de Deus
 Que me carregava nos seus braços.


Mary Stevenson
(Tradução de Carlos Campos)


 "FOOTPRINTS IN THE SAND"
 
One night I dreamed I was walking along the beach with the Lord.
 Many scenes from my life flashed across the sky.
 In each scene I noticed footprints in the sand.
 Sometimes there were two sets of footprints,
 other times there were one set of footprints.


 This bothered me because I noticed
 that during the low periods of my life,
 when I was suffering from anguish, sorrow or defeat,
 I could see only one set of footprints.


 So I said to the Lord, "You promised me Lord,
 that if I followed you, you would walk with me always.
 But I have noticed that during the most trying periods of my life
 there have only been one set of footprints in the sand.


 Why, when I needed you most, you have not been there for me?"
 The Lord replied,
 "The times when you have seen only one set of footprints,
 is when I carried you."


 Mary Stevenson, 1936

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Ralph Vaughan Williams: A Sea Symphony


Ralph Vaughan Williams: A Sea Symphony
1st movement: Begins at 00:00
2nd movement: Begins at 20:55
3rd movement: Begins at 33:00
4th movement: Begins at 40:57



Bernard Haitink's performance of RVW's "A Sea Symphony". Much of the artwork accompanying the music is contemporary with Walt Whitman (1819-1892), whose verse is set in this work, or with Vaughan Williams himself (1872-1958). Some of the art is by living artists, notably Geoff Hunt (British) and Christopher Blossom (American). Other artists whose work appears here:
Andreas Achenbach
Ivan Aivazovsky
Albert Bierstadt
Frederick Edwin Church
Montague Dawson
Paul Gaugin
Winslow Homer
Frederick Judd-Waugh
Fitz Hugh Lane
Roy Lang
Edward Moran
Albert Julius Olsson
Edward Henry Potthast
Joseph Mallord William Turner
Charles Vickery
Langley Walter


http://youtu.be/WANMioZCpGQ*****http://bit.ly/1K7UUc6