sexta-feira, 10 de abril de 2015

PABLO NERUDA - Poema XLIV

Poema XLIV

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.


Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.


Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.


Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.


(Pablo Neruda,  "Cem Sonetos de Amor "
(Tradução de Carlos Nejar. Rio Grande do Sul: L & PM)

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