Mostrar mensagens com a etiqueta Poesia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Poesia. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 3 de novembro de 2015

SEMENTEIRA

SEMENTEIRA
Com um garfo
separava
para uma saca de plástico
arroz,
pedacinhos de pescada,
carapau, chicharro;
as espinhas deitava-as ao lixo.
O melhor do conduto
era sempre para os gatos.
Semelhante ao poeta
que guarda a parte maior
da sua vida,
as palavras,
para o leitor.
Jorge Gomes Miranda
[in Velhos, colecção Poesia Portuguesa Contemporânea
das edições do Teatro de Vila Real, 2008]


FOTOGRAFIA ACABADA DE REVELAR

Por vezes, só me dava dores de cabeça,
consumições,
a ponto de ter de ferrar-lhe um bofetão.
Mas que alegria noutras alturas:
quando vinda da escola chegava
ao pé de mim, a sorrir,
e me punha a mão, de criança, na cabeça
e eu,
um velha para aqui,
ficava tal
uma fotografia acabada de revelar.

As palavras de Jorge Gomes Miranda:

http://archive.radiozero.pt/inverno20090127.mp3



sábado, 20 de junho de 2015

«Oh, os amigos, os abandonados,...»


32.

Estão as praças,
Como ágoras de outrora, estonteadas
Pela concentração dos organismos,
Pelo uso da palavra, a fervilhante
Palavra própria da democracia,
Essa que dá a volta e ilumina
O que, por um instante, a empunhou.
Oh, os amigos, os abandonados,
Esses, os destinados ao extermínio,
Esses os belos despojados, nus,
Os que, mesmo nascendo no Inverno,
Pouco sabem do frio, gente que dorme
Na sombra do meio-dia, ouvindo o canto
Das cigarras, o canto sobre o qual
Hesíodo escreveu. Gente do Sul,
Gente que um dia se desnorteou.


33.

De que armas disporemos, senão destas
Que estão dentro do corpo: o pensamento,
A ideia de polis, resgatada
De um grande abuso, uma noção de casa
E de hospitalidade e de barulho
Atrás do qual vem o poema, atrás
Do qual virá a colecção dos feitos
E defeitos humanos, um início.


Hélia Correia, em "A Terceira Miséria"

quarta-feira, 17 de junho de 2015

OCTAVIO PAZ - Piedra del Sol


OCTAVIO PAZ

MÉXICO (1914-1998)

TRADUÇÕES DE FLORIANO MARTINS

PEDRA DO SOL
La treizième revient… c’est encor la première;
et c’est toujours la seule – ou c’est le seul moment;
car es-tu reine, ô toi, la première ou dernière?
es-tu roi, toi le seul ou le dernier amant?
GÉRARD DE NERVAL, Arthémis.
 
http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/mexico/octavio_paz2.html

Piedra de sol [Poema: Texto completo.]
http://www.ciudadseva.com/textos/poesia/ha/paz/piedra_de_sol.htm