Dá-me a conhecer o mundo que anseio,
enche-me a vida de imolando!
Quero sentir o gozo da vida.
Quero ser parte do que é teu,
conhecer as belas coisas do mundo,
sentindo a eternidade pulsante!
[Se tu soubesses o desejo que em mim, qual Fénix, renasce!
Se tu soubesses todas as coisas do saber, do amor distante...]
Vem, vem...
soubesses a alma que em mim fenece,
torpe distância que em mim se consome...
Vem, vem, vem... como me embalando.
Dá-me as coisas que não existem mas sinto,
Dá-me amor, esse desejo das coisas vencidas,
palpitantes por dentro...
satírica fome das coisas absortas!
Vem,
dá-me a poesia da vida!
- Que te possua olhando nas órbitas,
por dentro, como se eu fora o único, o tal,
o perene ser das coisas etéreas!
Vem,
dá-me esse regozijo de vida,
essas palpitações convulsas,
esse pulsar de alma que sente, de quem só sente...
Beija-me por dentro,
eu trémulo por tuas mãos arguentes, dá-se fome, dá-me tanto!
- A fome das coisas ausentes,
das coisas que sinto,
a fome da poesia ao dilacero, a fome que não pára!
Cicatriza-se-me a alma, parte-se-me o pranto!
Ah! Prosterna-me!
Goza no eu olhando-te na íris,
no eu que querendo-te em violência cortante,
como saciando fome de séculos e de vida!
...
Dá-se este pungir das coisas húmidas,
líquidos viscosos do corpo.
Ah... ser teu... vem!
Ser mais...
Ser como tu, nas estrelas distantes,
ser das coisas belas e reais...
Pulsar de vida!
- Artur Afonso
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